
O alerta, feito diretamente ao presidente, se segue a uma escalada de ataques de Bolsonaro a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao sistema eleitoral brasileiro.
O tom moderado de Bolsonaro nesta segunda-feira (12) após reunião com o presidente do STF, Luiz Fux, já foi visto pelos aliados como um sinal de que ele teria compreendido o desgaste causado por essa estratégia do enfrentamento.
Após reunião com Fux, feita a convite do ministro do Supremo, Bolsonaro prometeu que o Executivo vai respeitar os limites da Constituição e deu demonstrações de que pretende voltar a dialogar com o Judiciário.
Nos últimos dias, o presidente vinha atacando ministros do STF e chegou a dizer que, se o voto impresso não for aprovado, não haverá eleição no ano que vem.
Em conversas com o presidente Bolsonaro, aliados disseram que esse tipo de declaração tensiona o ambiente político. A postura é reprovada até pelos integrantes da base aliada no Congresso Nacional. Além disso, não cabe a ele dizer se haverá ou não eleição, prevista na Constituição brasileira.
"Ele até pode defender o voto impresso, é um direito dele, fazer críticas ao sistema atual, mas não pode dizer que não haverá eleição, porque a mudança no modelo é de responsabilidade do Congresso. Ele tem de dizer isso, que cabe ao Legislativo a decisão e ele irá respeitá-la", afirmou um aliado do presidente.
Esses aliados de Bolsonaro querem convencê-lo também a se vacinar.
"Ele precisa acabar com essa disputa. Pode até ser criticado de ter sido contra vacinas, mas ele tem de virar essa página, se vacinar e falar para a população que é a vacinação que irá garantir a retomada da normalidade no país", acrescentou um interlocutor do presidente.
Dentro do Congresso Nacional, líderes do governo Bolsonaro têm dito que, se o presidente não mudar seu estilo de governar, começará a ser abandonado no Legislativo. Esses líderes dizem que apoiam o presidente, mas ninguém tem vocação para "afundar abraçado" com ele.
Valdo Cruz