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quinta-feira, 16 de abril de 2020

Mandetta cresce e joga a "bomba" para Bolsonaro.

Notícias · Otávio Sá Leitão
AGORA É COM O OTÁRIO GENTE!

Luiz Henrique Mandetta não pediu para sair, mas também deixará o governo maior do que entrou. Torpedeado por Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde se recusou a entregar a cabeça numa bandeja. Preferiu denunciar a sabotagem e transferir ao presidente o ônus da degola.

Ontem o país assistiu a cenas inéditas. Prestes a ser descartado, o ministro usou uma entrevista coletiva para escancarar as divergências com Bolsonaro. A demissão anunciada virou espetáculo midiático. Ele expôs as razões da queda no Palácio do Planalto, com transmissão ao vivo na TV.

Diante das câmeras, Mandetta afirmou que a pressão do chefe contra a política de distanciamento social é “uma coisa pública”. “Ele claramente externa que quer outro tipo de posição do Ministério da Saúde. Baseado em ciência, eu tenho este caminho para oferecer. Fora desse caminho, tem que buscar alternativas”, disse, sugerindo a própria saída.

O ministro foi claro: quem combate o isolamento joga a favor da doença e ajuda a disseminar o coronavírus. Com isso, colabora para aumentar o número de vítimas. “Rio e São Paulo são duas cidades que relaxaram. Vão pagar o preço”, avisou.

Sem nada a perder, Mandetta aproveitou para estocar alguns de seus algozes. “Nós não somos astrólogos, não fazemos previsões”, provocou, numa alusão ao guru bolsonarista Olavo de Carvalho. Em outro momento, ele debochou das teses do deputado Osmar Terra, que rasteja para ocupar sua cadeira.

Para definir Bolsonaro, o ministro preferiu o discurso indireto. Numa frase ensaiada para os telejornais, ele disse que milita em defesa “da vida, do SUS e da ciência”. Ao riscar a linha que divide o campo, deixou claro que o presidente joga no lado oposto.

Detalhe: Mandetta mostrou que o Brasil está "bem" na questão do enfrentamento ao COVID-19 e deixou claro que tudo de ruim que acontecer, será culpa de Bolsonaro, registro "JM".

BERNARDO MELlO FRANCO – O GLOBO