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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Do Partido dos Trabalhista, aos 91 anos assumi ser gay

“Eu realmente aprecio o fato de que, na minha idade, posso ser totalmente livre com as pessoas. Acho que corro um pouco o risco de me tornar um ícone gay!”, diz Barbara Hosking, que decidiu assumir sua homossexualidade aos 91 anos, em meio a suas reflexões sobre sua vida nos corredores do poder.
Como funcionária pública, a inglesa trabalhou para dois primeiros-ministros britânicos, Edward Heath (1970-74) e Harold Wilson (1964-70 e 1974-76), e também foi uma executiva de televisão.
Hosking combateu o sexismo em toda sua carreira, tendo defendido equiparação salarial entre homens e mulheres e brigado para estar na mesma sala durante algumas reuniões.
Em entrevista à BBC Radio 5, ela explicou o motivo de nunca ter falado de sua sexualidade para a sua família.
“Meus pais não teriam entendido e teriam ficado chocados. Eles me amavam muito, mas meu pai era um homem à moda antiga, convencional. Minha mãe provavelmente teria pensado que foi uma escolha difícil e infeliz para eu ter feito. Na verdade eu tenho sido muito feliz. Tive uma vida plena.”
Hosking mantém um relacionamento homossexual há 20 anos e decidiu revelar isso publicamente ao escrever sua autobiografia, com o título Além dos meus limites: Memórias de uma Desobediente Funcionária Pública (em tradução livre).
“Os homens tiveram um grande momento libertador quando as leis (que proibiam a homossexualidade) mudaram e eles não corriam mais perigo de serem presos ou, mais antigamente, serem mortos (por causa da orientação sexual)”, diz ela. “As mulheres nunca tiveram isso, mas é extremamente difícil – você pode facilmente ser relegada ao ostracismo.”
A inglesa se mudou da Cornuália para Londres aos 21 anos, em busca de uma carreira no jornalismo.
Ela se integrou ao escritório de imprensa do Partido Trabalhista e passou a servir como assessora de imprensa de Edward Heath e Harold Wilson.
Igualdade Social
Apesar de seu histórico no Partido Trabalhista – ela chegou a pensar em concorrer a uma vaga como parlamentar -, Hosking diz ter certa empatia pelas dificuldades enfrentadas pela atual premiê, Theresa May, que tem o desafio de colocar em prática a saída do Reino Unido da União Europeia (o Brexit, decidido em plebiscito no ano passado), tendo perdido maioria absoluta no Parlamento em meados do ano passado.
“Ela teria sido uma primeira-ministra maravilhosa em ‘tempos fáceis’, com uma grande maioria (no Parlamento), mas ela não teve condições para lidar com o que está acontecendo agora.”
“É uma posição horrorosa para qualquer primeiro-ministro estar, com seu gabinete rachado, assim como parlamentares divididos atrás dela. É triste porque ela tem muitas qualidades, mas falta o ‘instinto matador’ para agir. Pode ser que ela olhe em volta e sinta que não consegue.”
Hosking, que já soube de subordinados que ganhavam salário maior que o seu, diz estar desanimada com o fato de as mulheres terem de continuar lutando por igualdade profissional.
“Acho isso chocante. Por que é tão difícil pagar salários iguais? (A desigualdade) acontece em vários lugares, (mas) poderia ser resolvida.”
Em defesa dos direitos Iguais
Apesar disso, Hosking acredita que agora as mulheres “têm mais liberdade para escolher serem elas mesmas do que em qualquer outro momento da história”.
Ela lembra de mulheres sendo convidadas a se retirar da sala após um jantar de alto nível em Bruxelas.
“Eu respondi ‘Sinto muito, eu preciso voltar. Estou com meu ministro, sou sua secretária particular’. E eles disseram: ‘Você não pode fazer isso, as mulheres se retiram para os homens então poderem discutir’. E eu disse: ‘Ele não será capaz de fazer isso sem mim, eu fiz todo o trabalho para isso'”, conta. “Me disseram que eu viraria tema de conversa em Bruxelas no dia seguinte (por causa dessa postura).”