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terça-feira, 15 de maio de 2018

MUNDO BIZARRO - Jovem passou a vida vestida como o filho que os pais dela queriam ter

"Quero ser uma garota na minha família, mas não tenho escolha", diz Sitara BBC Brasil
“Eu quero ser uma garota na minha família, mas não tenho escolha. Tenho que ajudar meu pai idoso, minha mãe está fraca e somos cinco irmãs”, diz a afegã Sitara Wafadar, de 18 anos, que há mais de uma década é obrigada a se disfarçar de menino para poder trabalhar fora de casa “de forma segura” e exercer outras atividades normalmente desempenhadas por homens – e proibidas para mulheres no país.

Sitara vive sob a tradição conhecida como “Bacha Posh” – que significa garota “vestida como menino”. Por razões sociais e econômicas, ela foi forçada pelos pais a ser o “filho” que eles nunca tiveram.

"Não tenho outra opção a não ser pedir a Sitara para trazer comida", afirma mãe
“Não tenho outra opção a não ser pedir a Sitara para trazer comida”, afirma mãe BBC Brasil

“Desde que nasci, visto roupas de menino e trabalho com meu pai em uma fábrica de tijolos. Fui forçada a isso”, diz a jovem.
Muitas meninas vestidas de rapazes andam pelas ruas no Afeganistão
Muitas meninas vestidas de rapazes andam pelas ruas no Afeganistão BBC Brasil
Normalmente, aos 17 ou 18 anos as jovens voltam a assumir sua identidade feminina, mas essa mudança não é simples e para Sitara ainda é incerta.
A adolescente diz que continuará trabalhando com o pai, principalmente para evitar que sua irmã mais nova enfrente o mesmo destino.
Mas não é só isso, como explica Fatima, sua mãe: “Não tenho outra opção a não ser pedir a Sitara para trazer comida, me levar ao médico e fazer outros tipos de trabalho, já que meu marido está velho”, diz. “Gostaria que ela pudesse usar roupas femininas e ficar em casa, mas não tenho outra opção, eu também estou doente”.
A tradição, profundamente arraigada no Afeganistão, divide opiniões.
Especialistas avaliam que pode deixar as meninas confusas sobre sua identidade de gênero e fazê-las perder parte fundamental de suas infâncias.
Outros defendem que a experiência é positiva ao dar a elas uma liberdade que nunca teriam caso tivessem sido criadas apenas como garotas.