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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Arlindo dos Oito Baixos é enterrado ao som de sanfonas no Recife

Corpo de Arlindo dos 8 Baixos é enterrado no Recife (Foto: Priscila Miranda / G1)Corpo de Arlindo dos 8 Baixos é enterrado no Recife (Foto: Priscila Miranda / G1)
O corpo do músico Arlindo dos Oito Baixos foi enterrado, no fim da tarde desta quinta (24), no Cemitério de Santo Amaro, área central do Recife. Ao som da sanfona e de muitos aplausos, uma multidão de admiradores se despediu do artista, que faleceu na quarta (23), aos 71 anos, vítima de complicações da diabetes. O velório ocorreu na Câmara dos Vereadores e, às 16h, o caixão foi colocado em uma viatura do Corpo de Bombeiros para ser levado ao cemitério.
Muitos fãs e parceiros de Arlindo acompanharam o enterro, como Mestre Galo Preto, que trabalhou com o sanfoneiro por 22 anos. "Ele tocava comigo antes mesmo de tocar com Luiz Gonzaga", relembrou o repentista. Na mão, ele trazia uma fotografia tirada em 1976 em que aparece com Arlindo. "Era uma ótima pessoa, as homenagens que ele está recebendo são merecidas", afirmou.
Mestre Galo Preto exibe fotografia que tirou com Arlindo na década de 1970 (Foto: Priscila Miranda / G1)Mestre Galo Preto exibe fotografia que tirou com Arlindo na
década de 70 (Foto: Priscila Miranda / G1)
A secretária de Cultura do Recife, Leda Alves, relembrou a importância de Arlindo dos Oito Baixos para a cultura regional. "Arlindo foi um artista que deixou um patrimônio, um legado, que só um artista pode deixar. Temos que dinfundir a obra dele", disse.
Antes de o caixão ser enterrado, o irmão de Arlindo, Aécio dos Oito baixos, prestou uma última homenagem ao artista tocando no instrumento musical do irmão a música "Forró em Abreu e Lima". O corpo foi sepultado às 17h10 sob fortes aplausos e músicas religiosas, como a "Oração de São Francisco".
Velório
O corpo chegou à Câmara do Recife pouco depois do meio-dia, após o fim da reunião plenária. Como no velório de quarta-feira, no Imip, sanfoneiros, músicos e amigos de Arlindo marcaram presença no último encontro com o mestre dos oito baixos. Houve música como forma de reverenciá-lo. Estiveram presentes o filho, Raminho da Zabumba, a esposa Odete Macedo, o produtor e empresário do sanfoneiro, Roberto Andrade, amigos como Terezinha do Acordeon e Toinho do Baião, além de outros músicos nordestinos.
Multidão acompanhou o enterro de Arlindos dos 8 Baixos no Recife (Foto: Priscila Miranda / G1)Centenas de pessoas acompanharam o enterro de Arlindos dos 8 Baixos (Foto: Priscila Miranda / G1)
História
Arlindo Ramos Pereira nasceu em 16 de abril de 1942, no povoado de Santo Amaro, município de Sirinhaém, na Mata Sul de Pernambuco. Quando criança, trabalhava em um engenho de cana-de-açúcar da região, mas já arriscava os primeiros acordes na sanfona. O primeiro contato com a de oito baixos foi aos 10 anos, através do instrumento que pertencia ao pai. De início, Arlindo não era autorizado a tocar na sanfona, contudo, tomou tanto gosto pela música que acabou ganhando uma de presente.
Ele deixou a roça de lado quando aprendeu a cortar cabelo e, convidado por um tio, veio morar em Ponte dos Carvalhos, no Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife. Entre um corte de cabelo e outro, costumava tocar a sanfona para treinar, o que atraía a atenção de clientes e transeuntes. O repertório era variado, do forró ao chorinho, passando por ritmos latinos como tango e cumbia.
 O músico, então, começou a tocar em pequenas festas até que, aos 23 anos, já morando no bairro do Fundão, no Recife, passou a ter mais contato com outros artistas e radialistas. Foi quando surgiu o convite para entrar na banda Coruja e seus Tangarás, grupo que o fez viajar pelo Brasil e o deu a oportunidade de abrir uma apresentação de Luiz Gonzaga.
Em entrevista concedida ao G1 em 2012, Arlindo, que também afinava sanfonas, lembrou de quando conheceu o Rei do Baião: “No dia seguinte [ao show], ele apareceu na minha casa. Eu nem acreditei quando o vi. Afinei o instrumento e não quis cobrar, mas ele queria me ajudar e deu para minha mulher, no valor de hoje, cerca de R$ 1 mil, dinheiro que eu não ganharia em um mês."
A amizade só cresceu desde então e Arlindo tocou com Luiz Gonzaga por 22 anos. Foi Gonzaga, inclusive, quem o incentivou a tocar o fole de oito baixos. Em mais de 50 anos de carreira, Arlindo gravou mais de 200 músicas, a maioria instrumental.
G1 Pernambuco