Realização Luck Entretenimento

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

CURIOSIDADES - Você sabia que o Pai de Collor, senador alagoano Arnon de Melo matou colega com tiro em plenário, há 55 anos?

Senador acreano José Kairala é amparado por colegas do Senado depois de receber tiro
Senador acreano José Kairala é amparado por colegas do Senado depois de receber tiro | Agência O Globo/04-12-1963
O combate à violência é um tema importante no Congresso Nacional, mas o próprio parlamento bicameral já foi cenário de tiroteios e mortes motivados por rivalidades entre políticos. Este foi o desfecho trágico, por exemplo, de uma discussão ocorrida no dia 4 de dezembro de 1963, há 55 anos, entre o senador Arnon de Melo (PDC-AL), que discursava na tribuna contra o adversário Silvestre Péricles (PTB-AL). Pai do ex-presidente e atual senador Fernando Collor (PTB-AL), Arnon foi repreendido pelo rival, que o chamou de crápula enquanto tentava se aproximar do púlpito. Em resposta, o parlamentar que discursava puxou seu revólver Smith Wesson 38 da cintura e fez dois disparos. O adversário, também armado, conseguiu se esquivar, mas a bala atingiu o abdome do senador José Kairala (PSC-AC), que morreu horas depois no Hospital Distrital de Brasília.


Silvestre Péricles é retirado do plenário do Senado após tiros de Afonso de Melo
Silvestre Péricles é retirado do plenário do Senado após tiros de Afonso de Melo | Agência O Globo/04-12-1963
A rixa entre os dois políticos alagoanos não surgiu naquele dia: em discurso anterior, Péricles dissera que mataria Arnon antes que ele pudesse assumir a cadeira no Senado. O episódio de faroeste foi capa do GLOBO do dia seguinte. “Morreu um senador, baleado na Câmara Alta em plena sessão”, dizia a manchete, acompanhada pela legenda: “A velha desavença entre Silvério Péricles e Arnon de Melo resulta em gravíssimo incidente”. No interior da publicação, uma matéria de meia página relatava passo a passo o desdobramento da tragédia. A sessão começou com as galerias do Senado lotadas. Os autos do flagrante foram lavrados no local. O Senado aprovou as prisões dos dois, por 44 votos a 4. Mas, cinco meses depois, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal absolveu ambos os políticos.


A mãe do senador Kairala recebe os pêsames do presidente João Goulart

José Kairala tinha 39 anos, era comerciante de Brasileia, cidade do Sul do Acre, a 234 quilômetros da capital, Rio Branco. Suplente de senador, exercia o cargo havia seis meses, por licença médica do titular, José Guiomard (PSD), responsável pelo projeto de lei que, no ano anterior, elevara o então território do Acre o status de estado. Guiomard voltaria ao cargo um mês antes, mas adiou o retorno a pedido do suplente. Ironicamente, Kirala morreu na véspera do dia em que devolveria o posto ao titular. Deixou três filhos e viúva grávida.

Primeira página do GLOBO no dia 4 de dezembro de 1963
De acordo com a reportagem do GLOBO, Kairala chegou ao hospital às 15h45, quando foi levado para o centro cirúrgico. Vítima de hemorragia interna, recebeu diversas transfusões de sangue, totalizando 16 litros, que acabaram com o estoque de plasma da unidade. Morreu às 20h05, durante a cirurgia. Diversos colegas do senador e deputados visitaram o hospital naquela noite e fizeram doações de sangue. O ministro da Justiça, Abelardo Jurema, esteve no local, representando o então presidente do Brasil, João Goulart.
Questionado, o Senado informou pela assessoria de imprensa que "atualmente há controles de entrada para a detecção de armas e, portanto, não é possível entrar no plenário armado".  
BANGUE-BANGUE NA CÂMARA DOS DEPUTADOS
Menos de cinco anos depos, em 8 de junho de 1967, o Congresso foi cenário de outro tiroteio, este na Câmara dos Deputados. Alguns dias antes, os parlamentares Nelson Carneiro (MDB-RJ) e Estácio Souto Maior (MDB-PE), pai do piloto Nelson Piquet, bateram boca no plenário por causa da disputa pela presidência da União Parlamentar. Souto Maior deu um tapa em Nelson. O deputado do Rio de Janeiro revidou depois, quando encontrou Souto Maior no hall da Câmara e disparou um tiro contra o parlamentar pernambucano. Souto Maior caiu ferido, mas conseguiu tomar a arma e, mesmo no chão, atirou no rival político, que conseguiu se esquivar. No processo gerado após o episódio, ambos foram absolvidos.

Um outro caso de tiros no Congresso aconteceu quando a capital do Brasil ainda era o Rio de Janeiro. Em 26 de dezembro de 1929, o deputado gaúcho Ildefonso Simões Lopes matou o rival e também parlamentar Manoel Francisco de Sousa Filho, natural de Pernambuco. Após um discurso de Simões Lopes, ele e o adversário começaram a discutir. A desavença virou confronto físico e, no meio da confusão, o deputado do Rio Grande do Sul atirou contra o nordestino. Depois da morte de Sousa Filho, o autor do disparo alegou que puxou o gatilho pensando que o parlamentar pernambucano tentou matar seu filho, que o acompanhava no plenário. No processo judicial aberto após o caso, o político gaúcho foi absolvido.
Fonte:blogs.oglobo.globo.com