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terça-feira, 5 de setembro de 2017

Joaquim Barbosa descarta candidatura à Presidência, diz jornal



O ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa avaliou o cenário político do Brasil e avaliou que o país “passa por um retrocesso institucional”. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, publicada nesta sexta-feira (1º), Barbosa diz acreditar que grandes líderes mundiais estão fugindo do país devido à crise institucional.

—  O Brasil passa por um retrocesso institucional que se reflete em sua imagem externa. É um país incontornável, mas que está impedido de exercer seu papel internacional por força da conjuntura triste pela qual passamos. É triste ver os grandes líderes mundiais evitarem o Brasil.
O jurista diz que os políticos estão fugindo do país por conta da “balbúrdia institucional que se instalou no Brasil” e das instituições que estão fragilizadas.
— Nosso país foi sequestrado por um bando de políticos inescrupulosos que reduziram nossas instituições a frangalhos. Em nenhum país do mundo um chefe de governo permaneceria um dia sequer no cargo depois de acusações tão graves quanto aquelas que foram feitas contra Temer. O Brasil entrou numa fase de instabilidade crônica, da qual talvez só saia em 2018.
Frequentemente, Barbosa é questionado se tem pretensões de se tornar presidente do país. Sem demorar, respondeu se é candidato ou não nas eleições de 2018.
— Não, não sou [candidato].
Ainda durante a entrevista para o jornal, o ex-ministro falou sobre as discussões acerca do parlamentarismo, que está em pauta entre os caciques políticos.
— Essa gente é tão sem escrúpulo que vai tentar impor o parlamentarismo para angariar a perpetuação no poder e se proteger das investigações. Esse é o plano. Seria mais um golpe brutal nas instituições […] O Brasil já fez, nos últimos 50 anos, dois plebiscitos. Em ambos, a votação contrária foi avassaladora. Em 1993, o parlamentarismo não obteve, se não estou enganado, mais de 25% dos votos [foram 30,8%]. É uma ideia absolutamente exótica à organização institucional brasileira. O país vive há quase 130 anos sob um regime presidencialista. Seria uma irresponsabilidade absurda testar um experimento exótico desse, como se fosse um brinquedinho, um ioiô.
Barbosa também fez duras críticas ao impeachment de Dilma Rousseff (PT), que completou um ano nesta semana.
— Eles instauraram no Brasil a ordem jurídica deles, e não a das nossas instituições. O Brasil teve um processo de impeachment controverso e patético e o mundo inteiro assistiu. A sequência daquele impeachment é o que estamos vendo hoje. Não há parâmetro de comparação entre a gravidade dos fatos. Michel Temer deveria ter tido a honradez de deixar a Presidência.
Segundo ele, a população deixou de manifestar contra Temer única e exclusivamente por motivo de sobrevivência.
— Acho que os brasileiros estão cansados de tudo isso, da instabilidade e dessas manipulações indecentes que são feitas. As pessoas estão na luta pela sobrevivência. Afinal de contas, são 13 milhões de desempregados. A prioridade é sobreviver.
O jurista também avaliou a necessidade das reformas trabalhista e previdenciária.
— São reformas importantes, talvez não com essa visão ultraliberal que se quer implantar, que mexem no cerne do pacto social, mas é muito grave que estejam sendo conduzidas por um governo que não foi respaldado pelo voto.