Duas das empreiteiras acusadas de pagamentos de propina e que abasteceram os cofres do Partido dos Trabalhadores para a eleição de 2014 colaboraram para o financiamento eleitoral da campanha da senadora Fátima Bezerra. Andrade Gutierrez e Engevix Engenharia repassaram R$ 475 mil e R$ 50 mil ao comando nacional do PT, que redistribuiu o dinheiro à campanha de Fátima em 15 de setembro e 8 de agosto, respectivamente. Os valores foram declarados à Justiça Eleitoral sendo, portanto, legais. Em novembro do ano passado, executivos das duas empresas foram presos após a suspeita de que participaram de um esquema que desviou recursos na Petrobras.
As doações foram realizadas antes da etapa da Lava Jato que levou à prisão os executivos das empresas investigadas. No mesmo período, a primeira delação premiada, de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, revelou que as empresas mantinham um esquema de propina para abastecer o cofre dos partidos aliados e do próprio PT. Mais tarde, soube-se que parte do pagamento ilegal era, inclusive, feito através de doações oficiais ao Partido dos Trabalhadores.
Uma terceira empresa que também figura como doadora da campanha de Fátima, a JBS, também está citada na Operação Lava Jato. Segundo revelou o jornal o Estado de S. Paulo, uma planilha apreendida na casa de Paulo Roberto Costa sugere que o ex-diretor teria firmado contrato para consultoria à empresa que hoje é dona do maior frigorífico do mundo, a Friboi. À campanha de Fátima foram doados pela JBS meio milhão de reais. A JBS negou veementemente seu envolvimento em esquema ilegal. A reportagem do Portal no Ar aguarda manifestação da assessoria da senadora Fátima Bezerra sobre o assunto.